terça-feira, 10 de maio de 2011

GRUPO CONTACTO DOA DINHEIRO AOS REBELDES LÍBIOS

O ministro das Relações Exteriores italiano, Franco Frattini, anunciou nesta quinta-feira, ao término da reunião do Grupo de Contato para a Líbia, em Roma, que foram arrecadados 250 milhões de dólares para ajuda humanitária na Líbia ante o grave conflito interno.




"Temos destinados para a ajuda humanitária um fundo de cerca de 250 milhões de dólares graças à generosidade de inúmeros países", declarou o chanceler italiano durante o encerramento da reunião.



O anúncio foi feito um dia depois que um barco com ajuda humanitária da Organização Internacional para Imigrações (OIM) conseguiu atracar no porto líbio de Misrata, cidade que se encontra sob sítio há dois meses pelas forças governamentais de Muamar Kadhafi.



Inúmeras organizações humanitárias pedem há dias que se facilite a retirada tanto por mar como por terra dos milhares de feridos, assim como de imigrantes que se encontram bloqueados em Misrata.



No início do encontro, Frattini anunciou a criação desse um fundo especial para ajudar os rebeldes líbios do Conselho Nacional de Transição (CNT).



"Um forte apoio econômico é necessário", declarou Frattini ao abrir os trabalhos na sede da chancelaria italiana.



Vinte e dois países e seis organizações internacionais ou regionais, entre elas a Organização da Conferência Islâmica, assim como observadores da União Africana e do Banco Mundial, participaram na segunda reunião do Grupo de Contato.



Ao término do encontro, Frattini anunciou que a próxima reunião do Grupo sobre a Líbia será nos Emirados Árabes Unidos.



Entre as personalidades que assistiram à reunião figuram a secretária americana de Estado Hillary Clinton, o ministro inglês das Relações Exteriores William Hague e seu homólogo francês Alain Juppé.



Clinton também anunciou que os Estados Unidos empregarão parte dos fundos embargados ao regime do coronel Muamar Kadhafi em seu país para "ajudar o povo líbio".



"O governo de Barack Obama, de acordo com o Congresso, decidiu elaborar uma legislação que permita aos Estados Unidos extrair uma parte dos fundos de Kadhafi e do governo líbio que se encontram no país para que sejam postos à disposição do povo líbio", assegurou.



Os bens líbios bloqueados nos Estados Unidos representam mais de 30 bilhões de dólares e uma soma equivalente de bens foi embargada nos vários países da União Europeia.



"É dinheiro pertencente ao povo líbio. Itália e França já pediram aos organismos competentes da União Europeia que encontrem uma solução", disse Frattini.



O responsável pelo setor econômico do CNT, Ali Tarhoni, advertiu nesta terça-feira que a economia líbia está prestes a ruir e solicitou "linhas de crédito" de dois a três bilhões de euros à França, Itália e Estados Unidos.



"Queremos dar ajuda médica, abastecimento e garantir a eletricidade aos hospitais", explicou o porta-voz do CNT, Mahmoud Chamame.



Este seria um notável respaldo da comunidade internacional aos rebeldes, reconheceu Chamane.



O Qatar, um dos três países que reconheceram oficialmente o CNT junto com França e Itália, propõe ajudar os rebeldes a explorar os recursos petrolíferos das regiões que controlam.



O CNT havia anunciado, inclusive, que Espanha, Dinamarca e Holanda o reconheciam como representante da Líbia.



O governo espanhol, no entanto, indicou não ter feito este reconhecimento, segundo uma porta-voz do ministério das Relações Exteriores.



Dinamarca também desmentiu ter reconhecido formalmente o CNT, segundo um comunicado do ministério das Relações Exteriores.



O Grupo de Contato também debaterá uma saída política ao conflito com um "cessar fogo", diante da morte de mais de 10 mil pessoas, segundo fontes dos rebeldes.



Para Frattini, umas "poucas semanas" para conquistar um cessar fogo "é um prazo realista".



"Que Kadhafi cesse com a violência e deixe o poder", instou, por sua vez, Hillary Clinton.



"A comunidade internacional deve aumentar o isolamento diplomático e político de Kadhafi", pediu a chefe da diplomacia americana, que convidou os demais países a "fechar suas representações na Líbia e enviar emissários a Benghazi", bastião dos rebeldes.



O encontro em Roma foi realizado em um momento particularmente difícil, já que as operações militares iniciadas em março não conseguiram derrubar Kadhafi e a situação humanitária agravou-se.



"É preciso passar da fase militar à política", sustentou Frattini, que apoia uma fórmula que leve em conta "a ação militar, a proteção dos civis e a ajuda aos rebeldes".